top of page

PÃO NOSSO DE CADA DIA


Você gosta de começar sua manhã com aquele pão quentinho? Acha que almoço de verdade tem que ter arroz com feijão? Já sofreu em uma viagem por sentir falta de uma comida com gostinho parecido com o que tinha em casa? É meu amigo, já entendi seu caso, a cultura fala alto no seu prato. No seu, no meu, no de todos nós. Nossas escolhas (incluindo o que colocamos na mesa) e a nossa relação com a comida são um reflexo da nossa cultura. Isso é algo tão bonito, mostra nossas origens, nossas crenças e reflete o meio no qual fomos criados. Você certamente tem aquela comida que te faz um carinho, que te abraça. Pode ser a pamonha que sua mãe faz, aquele bolo que faz a casa inteira ficar cheirosa, ou o doce de leite que sua avó fazia e que até hoje não achou outro igual. Suas escolhas contam uma história, mostram de onde você veio, carregam memórias.


Eu já tive a oportunidade de viajar para o exterior, Estados Unidos pra ser mais precisa e vou te contar o que mais sentia falta era da minha família, de alguns amigos, e de comida. Sim, comida. aquele pãozinho francês (não sei por que raios eles não tem muitas padarias lá), o feijão (que eu sempre desprezava aqui e sentia muita falta) e daquela pamonha derretendo. Os hábitos alimentares dos americanos eram muito diferentes dos meus, no café da manhã, a maioria comia linguiça, batata e ovo. No almoço, geralmente eles ficavam satisfeitos com um sanduíche (sem guardanapo, mas isso é outra história), e no jantar sim eles tinham comida de verdade. Tá vendo como é diferente. Os chineses reclamavam que faltava no cardápio opções com mais vegetais, e cada um sentia falta de alguma coisinha. Aos poucos fui me acostumando, um sanduíche no almoço já não me soa ruim, mas o jantar as 18:00 ainda é algo bem estranho pra mim, acho que não vou me acostumar nunca. Na primeira universidade que frequentei, eles até tentaram fazer uns jantares internacionais, teve a noite japonesa e a russa (que delícia), mas a brasileira não aconteceu. E que saudade que eu sentia. Mas meus amigos maravilhosos (que saudade de cada um deles) tiveram a brilhante ideia de fazer almoço brasileiro em um domingo e chamar uma galera internacional pra compartilhar esse momento conosco. A comida tem esse poder, reúne até os seres mais diferentes, e então eles compartilham o alimento, riem juntos e se divertem. Depois vieram o almoço chinês e o japonês, quanta coisa boa pude provar. Ah, é não pense que é só aqui que a turma da faculdade reclama do R.U., a comida caseira de lá é muito melhor que a servida na cafeteria.



Eu contei toda essa história pra mostrar o quanto os hábitos adquiridos desde nossa infância, a cultura que carregamos, influenciam nossa relação com o alimento e afetam nossas escolhas alimentares. Você provavelmente conhece algum nordestino que mesmo morando longe de casa há anos ainda gostava de uma tapioca no café da manhã, antes mesmo de virar modinha ou de um gaúcho que ainda adora um chimarrão. O que você coloca na mesa, conta sua história.

Eu fiz esse post pra mostrar como nos relacionamos com a comida, como a cultura permeia nossas escolhas e para lembrar que não precisamos nos privar disso para seguirmos uma dieta. Um plano alimentar deve se adequar a você e não você a ele. Para alcançar nossos objetivos, sempre precisamos mudar alguma coisa, fazer algo diferente, mas isso não precisa ser doloroso. Se você não curte batata-doce no lanche da tarde, existem outras opções pra você. Se você prefere um pão francês a um pão integral e por isso tem medo de ir a uma nutricionista, não se preocupe. Tudo pode ser conversado. Até o Guia Alimentar para a População Brasileira (que é uma referência para profissionais de saúde) foi reformulado para mostrar que nós devemos pensar mais nas refeições e menos em cada nutriente; ele valoriza a culinária regional e reforça a importância de comer em companhia, Vou deixar o link desse guia AQUI, vale a pena dar uma lida.


Quando for viajar, observe a cultura do outro país, aproveite e experimente os pratos típicos de lá, isso pode ser divertido. Você vai se surpreender. Eu tenho que confessar, agora sinto falta de vários alimentos que não são típicos daqui. E quando for fazer uma "dieta", lembre-se que ela não precisa ser algo penoso, ela deve respeitar seu hábitos alimentares, respeitar sua cultura. Vale lembrar que uma alimentação saudável , que tem como base comida de verdade, pode ser saborosa e ter aquele temperinho de casa, aquele sabor que lembra a infância. Pode também ser aquela comida que abraça.


P.S.: As tias/Os tios do R.U. fazem a comida com o maior amor.






Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Nenhum tag.
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page